Créditos da foto: Atividade do II Fórum Social da Baixada Santista, em Santos (Wagner de Alcântara Aragão)
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Em torno de meia centena de atividades e pelo menos 1 mil participantes, durante três dias, em cinco locais diferentes. Os números do II Fórum Social da Baixada Santista, realizado entre os dias 8 e 10 de novembro último, em Santos, não deixam dúvidas do impacto do evento. Mas os resultados do encontro são constatados sob outros aspectos também.
Um deles tem relação direta com o mote do II Fórum Social da Baixada Santista, a “defesa da participação popular”. O que mais se viu foi a participação do povo – pessoas dos mais diversos segmentos da sociedade, grupos, movimentos, coletivos, todos que compartilham da visão de que um outro mundo é necessário, e possível, de alguma maneira se engajaram para contribuir com o processo de construção desse outro mundo.
Foi o que se viu principalmente no segundo dia, no sábado, dia 9, reservado às atividades autogeridas. Foram mais de 40 delas, que efervesceram o campus da Universidade Federal de São Paulo (Unifep) no bairro santista da Vila Mathias. As atividades envolveram apresentação de trabalhos, compartilhamento de experiências, debates e reflexões sobre educação, saúde, cultura, comunicação, desenvolvimento urbano, economia solidária, meio ambiente, cidadania... a lista é gigante.
Na véspera, na abertura, uma roda de conversa sobre políticas públicas de saúde envolvendo referências na área (o ex-ministro Arthur Chioro, o professor Ubiratan de Paula Santos, o psiquiatria Roberto Tykanori) lotou uma das salas de outra unidade da Unifesp em Santos, e por quase três horas formas de se resistir ao desmonte em curso foram discutidas. Ao mesmo tempo, no auditório da mesma unidade a conjuntura da metropolização da Baixada Santista era tema de debate.

Igualmente foi tema de conversa “O papel das redes sociais e da mídia independente na luta pela democracia em tempos de fake news”, com as jornalistas Renata Mielli, Cynara Menezes, Renato Rovai e Igor Santos. Enxergar a comunicação como um direito humano, essencial para o exercício da cidadania e de outros direitos, e não como prestação de serviço, foi o alerta feito por Mielli aos movimentos sociais.
Lançamento de livros, a música do coral Cantos da Praia, feira de economia solidária e de agroecologia, exposições, entre outras formas de manifestação e expressão forneceram inspiração para o fortalecimento da participação popular. Contra o ódio, a alegria - foi a mensagem percebida.
No último dia, no domingo, no Sesc Santos, um bate-papo com o economista e professor Ladislau Dowbor, e o arquiteto e ativista Chico Whitaker, um dos idealizadores do Fórum Social Mundial (2001), no qual o fórum santista se espelha. Os dois deram uma aula – não no sentido acadêmico, apenas. Sim, foram didáticos e ensinaram, mas a aula principalmente foi de humildade, serenidade, lucidez e disposição para a luta – com otimismo, em que pesem as adversidades.
Uma homenagem a lideranças históricas de Santos e região, em diversas áreas de luta (Ernesto Zwarg, Gemma Rebello, Helle Alves, Irmã Maria Dolores, Maria Lúcia Prandi e Suely Morgado) resgatou o legado de lutas, e emocionou o público presente no encerramento.

Manifestações em solidariedade ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja libertação se deu na tarde de abertura do Fórum Social em Santos, e ao povo da Bolívia – que naquele fim de semana estava sendo vitimada por um golpe de Estado fascista – também ecoaram nos encontros.
Agora, a organização do II Fórum Social da Baixada Santista prepara para dezembro uma reunião de balanço do evento. Até lá, todas as propostas produzidas pelas mesas e atividades autogeridas serão sistematizadas, para orientar a luta por um outro mundo.
Fotos e outras informações do II Fórum Social da Baixada Santista podem ser conferidas em www.forumsocialbs.org.
Wagner de Alcântara Aragão, jornalista e professor. Editora da Rede Macuco (www.redemacuco.com.br)